Por que teimamos em contrariar o óbvio?
Quando eu me casei com o meu primeiro marido, eu sabia que não iria ficar com ele "para sempre". Na verdade, eu casei sem amá-lo, casei por que, à época, eu tinha plena convicção de que não encontraria um homem que pudesse amar de verdade.
Uma das cenas que ficou guardada em minha memória foi a da cerimônia do meu casamento, no momento em que, encerrados os cumprimentos, eu e meu marido nos viramos para descer do altar e sair da igreja.
Naquele instante, quando eu me virei para a saída, olhando em direção do corredor e dos convidados eu pensei:
- Mas que p*&%# que eu to fazendo aqui?
Ficamos casados por 5 anos, durante os quais ele foi um marido muito carinhoso e companheiro, mas nossa relação era quase incestuosa. Para mim ele era um filho.
Conheci meu segundo marido no final do meu casamento. Ele serviu como o empurrãozinho que eu precisava. Já o segundo marido foi amor à primeira vista. Lembro-me com exatidão da primeira vez em que nos vimos, o que ele vestia, a expressão em seu rosto. Durante 4 anos ele foi tudo o que eu sonhei viver em um relacionamento. Fui totalmente feliz.
Mas, a vida não se acomoda - a minha foi sacudida por uma tsunami e nada ficou o lugar. Até hoje não sei explicar o que aconteceu, apesar de ter minhas teorias,. Não houve aqueles clichês de traição, nada disso. Simplesmente... ele mudou e eu mudei.
E aí, o casamento foi acabando, gota a gota. Durante os 12 anos que ficamos casados, ele não se tornou como um filho, a exemplo do primeiro marido. Ele se tornou um estranho.
Eu poderia ter dado outro rumo antes de terminar o casamento de uma forma patética. Mas, contrariando o óbvio, fui empurrando com a barriga, achava que era coisa da minha cabeça, que eu estava "querendo demais". Até que descobri que eu dormia com o inimigo.
E assim, em várias ocasiões da minha vida, eu contrariei o óbvio. Mesmo sabendo que havia algo muito errado ou estranho em certas situações, eu insisti e duvidei do meu "feelling", do meu sexto sentido.
- Aquele indivíduo que eu de cara não gostei, mas me esforcei em gostar? Mostrou-se um tremendo f&##%@
- Aquele funcionário que me deixava incomodada toda vez que ele estava perto de mim e eu senti dó em mandar embora? Um sacana profissional.
- Aquela amiga que eu admirava e tanto gostava, mas que parecia nunca ter tempo para mim? Eu insisti na amizade e no afeto até conseguir aceitar o fato de que a amizade não era recíproca.
- Aquela pessoa que se aproximou de mim, achando que eu era a salvação dos seus problemas, a realização dos seus sonhos e eu no fundo sabia que tudo não passava do fruto de uma idealização? Acabou no vazio.
Este ano eu prometi a mim mesma: vou dar crédito ao meu instinto, ou como se denomina no sensacional livro "Mulheres que correm com os Lobos"**,vou ouvir a mulher selvagem que habita em mim. Selvagem no sentido de pura em instintos, que corre livre com os lobos, que possui uma sabedoria milenar que transcende gerações.
Não quero mais lutar contra o óbvio. Quero ser sábia para aceitar e respeitar O QUE É e não me enganar pelo que PODERIA TER SIDO.
Já dizia o poeta: "O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme"
** Trecho do livro citado de autoria de Clarissa P. Éstes "...Tendo a Mulher Selvagem como aliada, como líder, modelo, mestra, passamos a ver, não com dois olhos, mas com a intuição, que dispõe de muitos olhos. Quando afirmamos a intuição, somos, portanto, como a noite estrelada: fitamos o mundo com milhares de olhos."
Um comentário:
Adorei seu post!
A história que passou com os dois maridos eu passei com meus dois maridos. Só que o meu segundo foi o seu primeiro, quer dizer, mais ou menos... ahahah...
Na verdade com meu primeiro marido vivi um sonho romântico lindo, mas que durou pouco.
Com o segundo vivi uma coisa morna, que esfriou e ficou insuportável.
Hoje em dia eu procuro valorizar quem me valoriza. Então se eu gostar de alguém e não sentir reciprocidade, dou uma afastada, que é para os meus sentimentos esfriarem... rs
Beijocas
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