Semana passada, eu li um artigo muito interessante de um psicanalista. Ele dizia que, nos dias de hoje, a facilidade de se conseguir satisfação imediata por meio de relacionamentos superficiais tem criado um grande vazio na vida das pessoas.
É verdade. Eu passei por uma fase curta, após a minha separação, de conhecer homens interessantes e ter relacionamentos rápidos e insípidos. Algumas vezes era tão incômodo o "day after" que batia uma baita deprê.
Eu sou totalmente favorável ao sexo casual, acho que as mulheres devem assumir seus desejos sem preocupação com o que os outros vão pensar -coisa do século passado!
A questão não passa pelo moralismo, mas sim, pelo sentido que damos aos relacionamentos. Hoje está difícil você ter a oportunidade de conhecer uma pessoa e ter TEMPO para desenvolver um genuíno interesse. O sexo acaba sendo precipitado, acho que tanto os homens quanto as mulheres não querem perder tempo. Logo pensam: vamos direto ao que interessa.
Em decorrência dessa "urgência sexual", acaba surgindo a fantasia de que o(a) próximo(a) parceiro(a) pode ser melhor, o ideal acaba sempre sendo o que ainda não conhecemos. Com isso, deixamos de ver alguém que está bem a nossa frente.
A Globo exibiu um episódio da minisérie Divã, com a excelente Lidia Cabral, no qual ela se apaixona por um homem que ela conheceu na internet. Eles apenas conversavam, sem jamais terem visto um ao outro pela webcam ou por foto. Dessa forma, cada um poderia criar a imagem que bem entendessem do outro. Ela se apaixonou perdidamente, após "teclar" com ele durante dias e ver quantas coisas em comum eles tinham, conhecer o lado sensível desse homem misterioso.
Ao final, quando ela resolve conhece-lo pela webcam e ver a imagem do seu amado virtual, ele decide não se revelar. Por fim, o telespectador descobre que esse homem que a conquistou era o ex-namorado que ela havia dispensado há poucos dias, afirmando que eles não tinham nada em comum.
Creio que usamos as ferramentas tecnológicas de maneira infantil e pouco construtiva, quando se trata de relacionamentos. Muitas pessoas usam para criar uma imagem de sucesso e glamour, outras usam com a finalidade de mentir e enganar os incautos, há os que usam para manipular pessoas, sem contar os que mentem descaradamente, talvez para fugir da realidade insípida de suas vidas.
Imaginem só, se houvesse uma rede social onde as pessoas estivessem empenhadas em conhecer verdadeiramente o outro, não mais como um fast food, mas ao estilo de um jantar à francesa, com todas as entradas, comendo pequenas porções e experimentando um pouco de cada prato, de cada sabor, apreciando a textura, o aroma. Sem pressa. Até, finalmente, chegar à sobremesa. O ápice e a conclusão de toda a refeição, sem esquecer do vinho escolhido com critério para acompanhar todo esse ritual. Voilà!
Chega de marcar encontros em cafés, com a velha tática de que, se você não gostar prima facie do indivíduo, dá pra fugir rapidinho, é só o tempo de um café. E chegar em casa, acessar a internet e dizer: NEXT!
Relacionamentos demandam tempo, paciência, tolerância. Mas proporcionam um conforto na alma, que nenhum encontro à jato jamais irá proporcionar.
2 comentários:
Você tem total razão! Sinto muito isso, uma urgência de que se alguma coisa não saiu perfeitinha aqui vamos logo procurar outra pessoa para que nela a fantasia de perfeitinha se realize.
Não sei qual a solução para isso. Acho que uma hora todos vão estar tão sozinhos que vai haver uma mudança nesse comportamento.
Beijocas
Adorei o post! concordo com Tudo que você falou!
Apesar de ser a favor do sexo casual tô fugindo um pouco disso até encontrar um homem que realmente queira me conhecer.
Adorei!
Postar um comentário