Hoje eu recebi uma mensagem de um amigo, dizendo que domingo cedo iria à feira e depois visitaria sua mãe. Parece algo banal, mas essa informação fez tocar um sino em minha mente, despertou um passado já meio que esquecido, da época em que eu morava com meus pais em uma casa, dessas com quintal, jardim, da época em que se conhecia os vizinhos pelo nome, as crianças brincavam na rua e se sujavam de terra. Imagine se isso é possível hoje, em São Paulo.
Voltando à feira, lembrei-me como era gostoso ir com minha mãe e lá comer um pastel com caldo de cana bem gelado. Hummmm, cheguei a sentir o gosto ao lembrar da cena.
E tudo isso veio acompanhado de um forte sentimento de identidade, eu vivi isso! Eu vivi esse tempo! Onde estão essas sensações escondidas hoje em dia?
Traçando um paralelo, a vida antes era cheia de gente, pessoas ocupavam nossos dias, nossos pensamentos, havia contato, proximidade...
Nos dias atuais, por mais que estejamos convivendo com pessoas o tempo todo, tudo é mais distante. E parece que até é desejável que seja assim, de alguma maneira nós mesmos colocamos barreiras para manter uma distância segura dos outros co-habitantes do nosso cotidiano.
Baile na garagem, com direito a vassoura. |
Os vizinhos, antigamente, eram uma instituição à parte. As famílias não mudavam com tanta frequência, era possível criar laços com a vizinhança. Os filhos cresciam juntos, havia os "namoricos", os bailinhos na garagem... Quem nunca se apaixonou por um(a) vizinho(a) não sabe o que perdeu! A expectativa de encontrar o amado/a na missa, na padaria, o coração quase a sair pela boca.
Hoje, o máximo de emoção que um adolescente pode sentir é receber uma mensagem pelo celular da sua paquera. Acho que nem existe mais paquera, nem dá tempo, tamanha rotatividade de contatos...
Deveria haver mais tempo... tempo para conhecer, para sentir o friozinho na barriga, para esperar o primeiro beijo, sentir aquele frisson ao perceber o rosto da pessoa se aproximando e saber que aquela era a hora. Tempo para esperar o telefone tocar e ouvir a voz da pessoa, sem a preocupação de que essa mesma pessoa pode amanhã já nem ligar, pois a fila anda rápido todos têm pressa, são intolerantes com qualquer diferença ou incompatibilidade, não INVESTEM TEMPO nas relações.
Talvez eu esteja saudosista . Ou talvez seja o caso de repensar as relações nesses tempos de internet. A verdade é que ninguém é completamente feliz sozinho. Ainda que a felicidade dependa de cada um, nada melhor do que um cobertor de orelha para os dias de frio... E não há internet capaz de suprir isso.
3 comentários:
Não acho que você está saudosista. eu não sou nada saudosista e sinto o mesmo. Acho que isso tem outro nome, a gente simplesmente sente falta do contato humano, tudo hoje em dia ficou "virtualizado", são amigos virtuais, opiniões virtuais, conversas virtuais. Eu realmente ando cansada de tudo isso, talvez por isso eu tenha cortado um pouco essas interações pela net, para forçar as interação para que o ser humano foi criado, que é a do contato no olho, do toque, do abraço.
Beijocas
Também sinto falta das coisas antigas, amei o texto.
Amei o texto, também sinto falta das relações antigas...
beijos!!!
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