Aventure-se comigo...

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quinta-feira, 17 de junho de 2010

A CRIANÇA MIMADA QUE VIVE DENTRO DE MIM

Terça-feira. Primeiro jogo do Brasil na Copa.  Confesso que esta Copa de 2010 não me empolga.  E eu, que sempre curti horrores, desde criança. Assistia aos jogos dos países mais "perigosos" - para torcer contra! As últimas três Copas eu assisti com  meu ex-marido. A de 1998 foi divertidíssima,  um dos jogos caiu bem no dia do aniversário dele. A de 2002 foi a melhor, na época eu coordenava um curso para advogados, enfeitamos a sala de aula com bandeirinhas, a garrafa de café foi "vestida" com um aventalzinho de papel no formato de bandeira do  Brasil,  tinha quentão e vinho quente para comemorar cada vitória.
De repente, eis que me vi sozinha nesta terça-feira. Dispensei os funcionários às 13:30h, o jogo começava às 15:30h, e quem seria o doido que iria querer comprar material de construção depois da uma da tarde, em dia de jogo do Brasil?
Vim para casa, ficar com meus cachorros, que se apavoram com o barulho dos fogos e dessas maleditas cornetas. De repente... bateu aquelaaaaaaaaaaaaa nostalgia.
Você já sentiu saudade de uma situação e ao mesmo tempo não gostaria de vivê-la novamente? Que sentimento confuso, essa nostalgia. É diferente da saudade, por que saudades se mata, reencontrando o objeto ou a pessoa que a causa. 
Já a nostalgia, não. Ela é uma falta de algo que foi sem ter sido. Isso me incomodou demais, afinal, com toda a sinceridade, a última pessoa com quem eu gostaria de estar atualmente é com meu ex-marido - então, por que cargas d'água senti falta dele no jogo?

A terapia entra em campo. Hoje já cheguei na sessão com os olhos meio aguados e a boca querendo fazer beicinho de choro. Que saco, isso! Desabafei, falei tudo e ouvi.
E descobri que alguns sentimentos sem noção e sem sentido, são gerados pela criança desprotegida que vive dentro de mim. Mas que criança chata da porra!
Sim, essa criança teima em querer que o mundo seja cor-de-rosa, teima em acreditar que, no fundo, todos são bons. Não existe maldade... tal como nas novelas, no final, o vilão se regenera, acaba tudo em pizza e em casamento - já repararam que não teve uma novela até hoje que, nos últimos capítulos, não tenha exibido uma cena de casamento?
Minha criança é mimada, é teimosa, ela quer por que quer que seus sonhos dêem certo! E quando não dão, ela esperneia. 
O maior defeito da minha criança é insistir em não acreditar que o mal existe. Por que, se ela acreditar que existe, ela vai ter de lidar com isso e se defender. 
E esse tem sido meu desafio: lidar com o mal que existe nas pessoas que eu amo e que amei.  Proteger-se dos inimigos é fácil, difícil é lidar com o pai, com o irmão, com o marido que me puxa o tapete, sem que eu tenha tempo de me defender. 

Agora que entendo mais essa criança, talvez eu consiga fazê-la calar a boca e me deixar assistir os jogos, sozinha ou em boa companhia, pois quero acreditar que o melhor ainda está por vir...

Em tempo... essa Copa está chata mesmo, ou sou eu que estou ficando velha? 

2 comentários:

Cris Medeiros disse...

Olha eu sinto nostalgia de algumas situações, épocas e pessoas sem que deseje-as novamente em minha vida! Acho isso super natural!

Talvez vc sinta a criança mimada dentro de vc, mas não por esse motivo... rs

Beijocas

Henrique disse...

Oi amor. Seguinte: das vezes que te vi vulnerável e tristinha, sempre depois de vir à tona algum “pecado” de alguém próximo a você percebia que, no início e durante a crise, aquela decepção episódica vinha acompanhada de uma dose de resistência em te fazer acreditar a que ponto certas pessoas são capazes de chegar no que diz respeito a maldade humana.
Depois, na sua incessante capacidade de ser FÊNIX, você ressurgia mais forte, mas inapelavelmente tendia a tropeçar nas mesmas armadilhas das mesmas pessoas e voltava a ser atingida... e ferida.
Mas esse círculo vicioso tem tudo para ser quebrado dependendo “apenas” da sua compreensão de que “essa menina que existe dentro de você” (bendita terapia, hehe) não pode mascarar a mulher forte e decidida que é da sua verdadeira natureza!
Beijos!