Aventure-se comigo...

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domingo, 6 de novembro de 2011

SEM SAÍDA...

 Há alguns anos atrás, eu estava sentada na sala de espera do meu médico, folheando uma revista ao acaso. Deparei-me com um artigo que se tornou importante e inesquecível na minha vida. O assunto, em si, era banal: uma leitora da revista perguntava ao psiquiatra Paulo Gaudêncio a respeito da difícil decisão que ela teria de tomar. A resposta, no entanto, foi de um brilhantismo, que passei a ser fã desse médico/psicanalista, desde então.
 Eis a resposta:

"O que você está me perguntando é: "Como faço para me arriscar sem correr riscos?" 
Há anos vejo pacientes meus procurarem um jeito de realizar essa proeza e torço para que um encontre a fórmula. Aí vou poder usá-la também. Porém, duvido que alguém ache. 
Quando o espanhol Hernán Cortés invadiu o México, no século 16, se deparou com ouro demais e astecas demais. Com poucos soldados, botou fogo nas caravelas para que ninguém pudesse voltar e introduziu o estilo ou-dá-ou-desce na história. Empreendeu a conquista mais sangrenta da humanidade, uma barbaridade. Mas, quando fazemos uma opção na vida, é um pouco assim: temos que queimar simbolicamente as caravelas. Pelo visto, você preferia deixar um barquinho escondido atrás da moita..." (Paulo Gaudêncio/ Revista Nova)


Correr riscos faz parte da vida. 
Arriscamos quando nos apaixonamos - e se a pessoa amada nos ferir, o amor acabar?
Arriscamos quando escolhemos uma carreira que nos ocupará durante anos de estudo - e se não for isso que eu quero fazer da vida?
Arriscamos nas escolhas dos amigos, na decisão de ter filhos (ou não), nas mudanças que promovemos internamente. E, na maioria das vezes, não há como voltar atrás, não existe um barquinho atrás das moitas, não podemos mais voltar para o conforto do passado. 
Todos nós, cedo ou tarde, passaremos por essa experiência vivida pelos soldados espanhóis - de um lado, astecas dispostos a matar ou morrer para defender seu povo, de outro, as caravelas queimando no mar, descartando qualquer possibilidade de fuga. Nada mais resta a não ser gritar:
- Agora fod*#@u !!
E agarrar a espada com fé e vontade.

10 comentários:

Cris Medeiros disse...

Nossa! E como a vida tem me ensinado isso! Sempre perdemos algo para ganhar outras coisas. Tudo na vida são escolhas, e essas escolhas sempre implicam em perder algo que não queremos. Resta só colocar na balança e ver se o que vamos perder, compensa o que vamos ganhar.

Beijocas

Emilia Vaz disse...

Viver é correr todos os riscos possíveis!Nos consideramos covardes,mas não somos não.
Somos sim,os seres mais corajosos da face da terra pq viver não é fácil.
Lindo texto!
Boa semana querida,bjka

Anônimo disse...

Como sempre suas postagens são fantásticas!!!
concordo com sua posição e a do psiquiatra.
Gosto de pensar que quando ariscamos, e se perdemos, estamos deixando algo velho e que não serve mais para entrar algo novo que irá nos agregar coisas melhores...

Suellem Brasil disse...

Parabéns!
Seus posts são verdadeiros
D-I-A-M-A-N-T-E-S.Acredito que
"O pior naufrágio é daquele que não saiu do porto".Só se arrisca quem tem personalidade marcante e coragem para tal ato...E FELIZ ANIVERSÁRIO! (mesmo atrasado).
Bjs.

Cristine disse...

Obrigada, Suellem Brasil. Agradeço o elogio e os votos de feliz aniversário. O melhor presente é saber que o que eu escrevo agrada as pessoas. Beijocas

Lola - a racional disse...

Rsrsrsrs
Eu queimo tudo pra depois pensar.. "Porra! Que cazzo que não deixei nem uma bóia!!" rsrsrsrs

Angelus disse...

Arriscar é difícil. No meu caso MUITO difícil. Deixar aquilo que você já conhece, aquele seu porto seguro, e partir para o desconhecido dá uma insegurança danada.
Mas é preciso arriscar. É bem melhor do que ficar com aquele remorso amargo por não ter tentado.
Arriscar dá uma emoção a mais para a vida. Senão, tudo seria uma rotina sem fim.

Vim fazer uma visita ao seu blog depois de participarmos do 4 por 4 no blog da Emília.
Tenha um bom feriado! Abraço!

Vaneza S. disse...

De certa forma rolou uma sintonia entre nossos posts. Eu falava de pessoas que usam desculpas para não correr riscos e você abordou o assunto mais brilhantemente ainda.

Quando eu leio essas coisas eu me sinto melhor, sabia? É muito difícil seguir o código de ética dos relacionamentos porque a outra pessoa tbm segue o maldito código de éticas. Ai... foda-se... é um saco ser taxada de passional, impulsiva e todas as coisas que eu e outras pessoas que não tem medo de arriscar são taxadas.

BeijoZzz

Bill Falcão disse...

O post é uma excelente metáfora. Mesmo que o Cortés, como disse Neil Young em uma música, fosse "The Killer".
Bjoo!!

Eu! disse...

Oiii, primeiro obrigada pela visita e pelo comentário em meu blog!! =)

Agora, sobre o post, adorei!! Eu sempre fico nessa de "como me arriscar sem correr riscos?", e o pior é que como eu não acho essa resposta, eu acabo evitando correr riscos. Muito errado. Como vc disse, correr riscos faz parte da vida. =)

Beijoos