Aventure-se comigo...

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sábado, 24 de setembro de 2011

MAIS UMA SOBRE O FACEBOOK


Parece que o Facebook pegou mesmo. Até meus amigos mais resistentes acabaram se inscrevendo. Com isso, as chances de se reencontrar algum amigo do passado distante, é muito grande. Páginas que reúnem ex-alunos de colégios e faculdades tornam essa tarefa mais fácil ainda.

O que tem acontecido comigo - e provavelmente com quase todas as pessoas - é ficar eufórica e surpresa ao reencontrar alguém no Facebook com quem não tenho contato há muito tempo. Décadas se passaram sem que eu sequer lembrasse de algumas pessoas, de repente: BUM! Aparecem na minha página, adicionamo-nos alegremente, trocamos duas ou três mensagens. Aí, fica aquela coisa meio sem graça, aquele diálogo "é...hã...então..." 
Esse amigo volta a ficar esquecido na interminável lista de amigos da lista, que cresce a cada dia.

Ao mesmo tempo que acho muito válido esse reencontro, percebo que, rapidamente, ele cai em um vazio. E me pergunto: qual o motivo dessas amizades que um dia foram importantes para nós, não tomarem um novo impulso com o reencontro? Não seria bom retomar as boas experiências do passado? 

Eu reencontrei um amigo da adolescência, a respeito de quem eu escrevi um post neste blog já faz um tempinho.Vivemos uma espécie de romance platônico durante uns 3 anos, até que perdemos contato. Ele casou, eu casei. Um  dia ele me encontra no orkut, passamos a nos falar no msn, e ele confidenciou que nutriu uma paixão verdadeira por mim, mas achava que não era correspondido. Esse romance mal resolvido ficou na sua cabeça, tanto que quando ele se casou, ele decidiu morar no mesmo bairro em que eu morava quando nos conhecemos, muito longe de onde ele viveu até então. 

Um dia, nos falamos ao telefone, ele disse que gostaria de marcar um café, um almoço comigo, mas tinha muito medo da esposa descobrir, ela é muito ciumenta (depois de quase 20 anos de casamento, isso é doença!). Fazer o quê, né? Paramos de nos falar, antes que a jararaca descobrisse nosso inocente contato.

Mais alguns anos se passaram e ele me adiciona no Facebook.Piorou, ali os contatos são mais públicos e a ciumenta monitorava a página dele. 
Um belo dia, estou eu na locadora  do MEU bairro que ele invadiu, certo? Ele chega com mulher e filhos. Eu sendo atendida no balcão, de frente para a porta. Era, assim, impossível entrar sem me ver.

Pois ele entrou, fez de conta que não me conhecia, e foi para os fundos da loja. Cheguei em casa e deletei-o do Facebook. Que amigo é esse? Sequer um sorriso, um tchauzinho. A cena foi ridícula, um homem feito com medo da mulher. Antes de mais nada, fomos muito amigos, nem mesmo houve intimidade no nosso romance platônico! Mas vivemos momentos bons, com ele eu aprendi a dirigir, ele me ensinou a gostar de rock progressivo, de Richard Bach, de Guerra das Estrelas. Amizades assim só cosntruimos na adolescência. 

Talvez seja esse o segredo: o que é passado, deve ficar no passado. Agora já não me empolgo mais ao reencontrar alguém e fazer milhares de promessas de nos reencontrarmos, trocarmos números de celular e tudo mais. Ambas as partes sabem que não haverá mais contato, eventualmente deixaremos uma mensagem de Parabéns! no dia do aniversário e, com muita sorte, uma mensagem de Natal.

Eu gostaria mesmo de retomar essas amizades, reencontrar essas pessoas, mas falta tempo, a vida passa rápido, as oportunidades devem ser criadas e não deixadas ao acaso. 
Felizmente, alguns amigos  são para a vida toda. Você pode ficar muitos anos sem ve-los, sem falar com eles, e no momento em que os reencontramos, parece que faz uma semana que nos vimos pela última vez.

(Mary, você é uma dessas amigas, que eu guardo no coração com todo carinho. Você, além de ser minha amiga de toda vida, é a prova de que não se precisa estar fisicamente perto, a amizade transpõe fronteiras e distância - e olha que você já morou até em  Rondônia!)