Aventure-se comigo...

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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CÉU ESTRELADO, DOR DE BARRIGA, ENTRE OUTRAS COISAS...

Recentemente conheci a nova namorada do meu irmão.
Ela mora em Rio Claro, uma cidade do interior de São Paulo. Isso me fez lembrar que há muitosssss anos eu estive lá, juntamente com meu então namorado, Mr. A, e mais um casal de amigos. Foi uma viagem um tanto quanto inesquecível. Primeiramente, por ter sido "secreta". Meus pais não sabiam que eu estava viajando com um namorado, eles jamais permitiriam, apesar de eu já ter 22 anos.

Além disso, alguns fatos ocorridos naquela viagem foram belos e outros tão constrangedores, que até hoje é impossível esquece-los.

Pois bem, nessa viagem, após uma rápida passagem por Rio Claro, fomos para Caxambú. Cidade mineira, muito queijo e leite tirado da vaca, eu adoro isso tudo. Pois justamente nesse final de semana, meu estômago resolveu tornar-se intolerante à lactose, ou algo que o valha. O fato é que, após um café da manhã com muito queijo mineiro no tradicional hotel da cidade, fomos os quatro passear pelas redondezas.

Repentinamente, minha barriga começou a entrar em rebuliço. Tentei disfarçar, mas a situação foi se complicando com o passar dos minutos. Sabe como é, namoro recente, você nem pensa em ter dor de barriga  na presença do namorado. Procurei disfarçar o desconforto, mas o suor frio começava a escorrer pela minha face, até que fui obrigada a comunicar aos meus acompanhantes:  eu precisava com certa urgência encontrar um toillette.
Passamos por algumas lojas e nenhuma tinha banheiro para clientes. Meu desespero foi crescendo, eu suava em bicas e já estava topando qualquer banheiro de beira de estrada, freqüentado por caminhoneiros. A essa altura, perdi a vergonha, a situação exigia uma estratégia, antes que o pior acontecesse. Dividi o grupo e cada um foi para um lado, em busca de um banheiro. Só então meus amigos perceberam a gravidade do momento.
Céu estrelado de São Tomé das Letras

Finalmente, nosso companheiro de viagem, Antonio, com toda a falta de discrição que lhe era peculiar, gritou da esquina:
- Corre aqui que tem banheiro!

Pouco me importei em chamar a atenção dos pacatos cidadãos caxambuenses. Corri ao encontro de Antonio, com a visão meio embaçada, agradeci aos Céus por ter conseguido resistir até aquele momento. Nada romântica a cena, eu sei...

Para compensar, naquela noite fomos até São Tomé das Letras, uma adorável cidadezinha próxima. Estrada de terra, perdida no mundo, foi a noite com o céu mais belo e estrelado que já vi em toda a minha vida. Aqueles momentos na estrada, na total escuridão, com os faróis do carro apagados, a estrada iluminada apenas com o brilho das estrelas,...foram inesquecíveis.

No dia seguinte, já "escolada" com o efeito lactose, limitei-me a um café da manhã bem espartano. Era dia de retornar. Almoçamos na estrada, tudo corria bem. Calculei o tempo para retornar a São Paulo antes dos meus pais chegarem de viagem – eles passavam o fim de semana na praia.

Ao chegarmos na entrada da cidade, o mundo desabou em água, caiu uma chuva torrencial, em menos de 10 minutos o rio Tietê estava transbordando e as pontes de acesso à cidade estavam interditadas.

Não sei se foi a ansiedade de me atrasar e meus pais desconfiarem de algo, ou se pelo fato de ter tanta água caindo do céu e cercando nosso carro, que me deu a mais louca vontade de fazer xixi, bem ali, em cima de um viaduto, sem condições de ir para frente ou para trás. Meu namorado estava ao volante, achando graça do meu sufoco. As leitoras irão compreender o que passei – as mulheres sentem dor quando a bexiga está cheia, dá vontade de chorar (aliás, eu já chorei na sala de espera de um laboratório, enquanto esperava para fazer um exame de ultrassom, cujo preparo exige que a bexiga esteja cheia).

O amor é belo, o romance é maravilhoso, mas na hora do desespero, temos mais é que dar um jeitinho brasileiro. Eu não podia sair do carro para fazer xixi, pois estávamos cercados por carros e caminhões. Meu namorado propôs fazer "cabaninha" com uma toalha, imagine a situação! Eu não conseguiria fazer xixi com platéia, mesmo que só desse para ver minha cabeça.

A solução encontrada foi a seguinte: fechamos os vidros do carro para deixa-los embaçados. Eu fui para o banco de trás, peguei um saco plástico que encontrei no porta-malas, pedi para meu namorado aumentar o volume do rádio para que ele não ouvisse o constrangedor barulhinho do xixi – ssshhhhhhhhiiiiiiiiiiiiii.

Abaixei as calças, fiquei de cócoras com o saco plástico aberto logo abaixo, e tentei mirar dentro dele –rezando para que não estivesse furado. Feito isso, discretamente abri a porta do carro e joguei o saco plástico cheio de xixi. Juro que ainda ouvi um motorista dizendo:

- Aí mijona!

Caros leitores, todos passamos por micos na vida, mas esse foi o mico do século para mim. Raciocinem comigo: depois de um certo tempo de relacionamento, o casal fica mais relaxado, dá umas roncadas à noite, faz xixi com a porta aberta... Mas não era o meu caso!! Fazia poucos meses que eu e Mr. A estávamos juntos. E eu, jovenzinha, querendo ser sexy e interessante, passei a maior vergonha da minha vida.

Interessante lembrar que, coincidentemente, com Mr. A, eu bati o recorde de gafes. Até hoje tenho vergonha da mãe dele... Mas essa história fica para outro dia, se eu tiver coragem de contar...