Aventure-se comigo...

Aventure-se comigo...

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma lição que ainda não aprendi...


Hoje estou triste. Triste porque algumas situações tomaram um rumo indesejável, ou melhor, não tomaram o rumo que eu desejava. Aí fiquei pensando em como teria sido bom se minhas expectativas tivessem se tornado reais, nem seria nada de mais, bastava uma forcinha do destino e eu estaria muito mais feliz agora.

No entanto, acho até que sou injusta por reclamar do que não deu certo, já que tenho vivido momentos bens legais, recentemente. Minha visão de felicidade parece permanecer arraigada à imagem do passado, da família feliz, do comercial de margarina. Mas,vamos combinar, isso "non ecxiste", ou está restrito a pouquíssimos felizardos.

Eu sou uma curiosa da natureza humana, adoro conhecer pessoas, conheço muitas, o tempo todo, seja pela internet, por intermédio de amigos em comum, no trabalho... estou falando de todo tipo de pessoa: homem, mulher, idosos, jovens, ricos, pobres... E uma característica eu percebo entre todos: como as pessoas são tão sozinhas, as famílias quase sempre destruídas. São tantos dramas! Eu tenho a minha cota, e observo as histórias cabeludas que me contam... é assustador.

Um exemplo disso é um jovem amigo meu. Ele tem apenas 25 anos, é um rapaz doce e educado, sorridente, e de uma beleza muito acima da média. Olhando para ele, ninguém imagina as inseguranças e angústias que passam por aquela cabecinha. Aparentemente, ele tem tudo: um emprego, faz faculdade, tem uma namorada oficial e várias "por fora", tem carro, tem família,  é dono de uma beleza ímpar. E ele é uma das pessoas mais carentes que eu conheço... 

Fico me perguntando: onde está o amor? Todos estamos doentes pela falta de amor! Não falo de paixão, nem de tesão...amor mesmo, puro, verdadeiro. Não existe mais?

Talvez estejamos fadados a nos curarmos da única maneira possível: aprendendo a suprir nossas carências com nosso amor por nós mesmos. Amor próprio, independência, autoestima, aprender a SE BANCAR. 
Esse será o desafio dessa geração. 

Transcrevo parte de um texto muito interessante da Martha Medeiros:

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Os felizes ainda estão associados ao padrão "comercial de margarina", portanto, costumam ser idealizados - e desacreditados. É como se fossem marcianos, só que não são verdes. Por isso, damos mais crédito aos angustiados, aos irônicos, aos pessimistas. Por não aparentarem possuir vínculo com essa tal felicidade, dão a entender que têm uma vida muito mais profunda. 

Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é coisa bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.


O psicanalista Contardo Calligaris certa vez disse uma frase que sublinhei: "Ser feliz não é tão importante, mais vale ter uma vida interessante". Creio que ele estava rejeitando justamente esta busca pelo kit felicidade, composto de meia dúzia de realizações convencionais. Ter uma vida interessante é outra coisa: é cair e levantar, se movimentar, relacionar-se com as pessoas, não ter medo de mudanças, encarar o erro como um caminho para encontrar novas soluções, ter a cara-de-pau de se testar em outros papéis - e humildade para abandoná-los se não der certo. Uma vida interessante é outro tipo de vida feliz: a que passou ao largo dos contos-de-fada. É o que faz você ter uma biografia com mais de 10 páginas.
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quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Comichão...

Tem dia que dá uma agonia, uma vontade de sei lá o quê... ou sei lá quem. Pior é quando dá vontade de quem a gente sabe...

Aí, tentamos nos distrair na internet. Ou com a TV. Mas tudo parece monótono, a agonia persiste e nos damos conta de como é ruim não termos o controle da vida - ou pelo menos dos nossos desejos e vontades.

Imaginem só que maravilha, se tivessemos um controle remoto com  a opção de selecionar a pessoa e o lugar onde gostaríamos de estar naquele instante. Se fosse possível realizarmos nossos desejos nesses momentos de "comichão", o mundo seria perfeito! Vale a ressalva de que seria indispensável um botão de "delete", caso a opção fosse equivocada e o(a) escolhido(a) fosse uma mala sem alça.  

Talvez, em um futuro distante, isso seja possível através da realidade virtual, como no filme Vanilla Sky, muito embora não seria tão interessante, já que realizaríamos nossos desejos através de fantasias criadas pelo nosso cérebro.

Voltando a minha realidade de hoje, já ouvi meus CDs favoritos, assisti o último filme da Trilogia Millenium que faltava, comi chocolate, fiz tudo que gosto de fazer quando estou em casa, e ainda assim permanece esse anseio. Nesses momentos, acontecem fatos para piorar ainda mais o estado de ânimo desarvorado em que me encontro: uma amiga perversa e sádica me apresenta um deus grego no MSN. Como diria minha mãe, só serve pra olhar com os olhos e lamber com a testa.
Recuso-me a conversar pela webcam, muita tortura para uma noite. Odeio webcam... sinto-me como aqueles cães que ficam namorando a vitrine da máquina de assar frangos, com aqueles galetos girando, e ficam só na vontade. 

Ao que tudo indica, todos nós temos esses momentos de vazio, quando nada nem ninguém é capaz de preencher. Talvez por isso a indústria de bebidas jamais irá a falência, a alma pode estar vazia, mas o copo é fácil de encher. Pena que eu não bebo... 

domingo, 11 de novembro de 2012

SAUDADES DE COISAS DO PASSADO...


Hoje eu recebi uma mensagem de um amigo, dizendo que domingo cedo iria à feira e depois visitaria sua mãe. Parece algo banal, mas essa informação fez tocar um sino em minha mente, despertou um passado já meio que esquecido, da época em que eu morava com meus pais em uma casa, dessas com quintal, jardim, da época em que se conhecia os vizinhos pelo nome, as crianças brincavam na rua e se sujavam de terra. Imagine se isso é possível hoje, em  São Paulo.  

Voltando à feira, lembrei-me como era gostoso ir com minha mãe e lá comer um pastel com caldo de cana bem gelado. Hummmm, cheguei a sentir o gosto ao lembrar da cena. 
E tudo isso veio acompanhado de um forte sentimento de identidade, eu vivi isso! Eu vivi esse tempo! Onde estão essas sensações escondidas hoje em dia? 

Traçando um paralelo, a vida antes era cheia de gente, pessoas ocupavam nossos dias, nossos pensamentos, havia contato, proximidade...

Nos dias atuais, por mais que estejamos convivendo com pessoas o tempo todo, tudo é mais distante. E parece que até é desejável que seja assim, de alguma maneira nós mesmos colocamos barreiras para manter uma distância segura dos outros co-habitantes do nosso cotidiano.

Baile na garagem, com direito a vassoura.
Os vizinhos, antigamente, eram  uma instituição à parte. As famílias não mudavam com tanta frequência, era possível criar laços com a vizinhança. Os filhos cresciam juntos, havia os "namoricos", os bailinhos na garagem... Quem nunca se apaixonou por um(a) vizinho(a) não sabe o que perdeu! A expectativa de encontrar o amado/a na missa, na padaria, o coração quase a sair pela boca.

Hoje, o máximo de emoção que um adolescente pode sentir é receber uma mensagem pelo celular da sua paquera.  Acho que nem existe mais paquera, nem dá tempo, tamanha rotatividade de contatos...

Deveria haver mais tempo... tempo para conhecer, para sentir o friozinho na barriga, para esperar o primeiro beijo, sentir aquele frisson ao perceber o rosto da pessoa se aproximando e saber que aquela era a hora. Tempo para esperar o telefone tocar e ouvir a voz da pessoa, sem a preocupação de que essa mesma pessoa pode amanhã já nem ligar, pois a fila anda rápido todos têm pressa, são intolerantes com qualquer diferença ou incompatibilidade, não INVESTEM TEMPO nas relações. 

Talvez eu esteja saudosista . Ou talvez seja o caso de repensar as relações nesses tempos de internet. A verdade é que ninguém é completamente feliz sozinho. Ainda que a felicidade dependa de cada um, nada melhor do que um cobertor de orelha para os dias de frio... E não há internet capaz de suprir isso.