Aventure-se comigo...

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sábado, 11 de fevereiro de 2012

AMIGOS DA ONÇA??

Nos idos de 1990, conheci uma astróloga em uma palestra sobre terapias alternativas. O nome dela era Margô, uma mulher inteligente, enigmática, despertou pela primeira vez minha curiosidade em Astrologia- até então, o máximo que eu conhecia a respeito eram as previsões do meu signo nos jornais e revistas.

Ela trabalhava com algo chamado "mapa astral cármico". Curiosa, marquei um horário com ela, antes passei-lhe os detalhes do meu nascimento, hora, local, data. Apenas isso.

Após algumas semanas, fui ao consultório onde ela atendia munida de uma "pré histórica" fita K-7 (naquela época não havia celular, mp3, I-pod, nada disso) para gravar a consulta.

O que se passou nas duas horas ou mais que fiquei lá jamais será esquecido por mim. Aquela mulher, com jeitão de maga, foi dizendo coisas a meu respeito que ela não teria condições de saber. No entanto, duas informações em especial eu me lembro de ter discordado veementemente.
Uma delas, era referente ao meu pai e ao meu irmão do meio. Era algo tão fora do contexto naquela época, que duvidei de todo o resto que ela falou. Ela tentou me alertar sobre predisposições "carmáticas" que poderiam se repetir.  
Passados 15 anos, o que ela havia dito se cumpriu (imediatamente eu me lembrei da "maga") e passei 6 anos sem falar com meu pai. Somente com a doença dele, ano passado, é que relevei tudo que aconteceu no passado recente. Já meu irmão, com seus atos, queimou todas as pontes que pudessem propiciar qualquer contato entre nós. 

A segunda informação que a Margô me passou era de que eu tinha um "carma" na área da amizade. Por essa razão, os amigos mais próximos e queridos iriam me trazer muita mágoa e decepção ( nada agradável de se ouvir, né?) 

E é sobre isso que gostaria de falar. Por mais que eu queira duvidar das previsões, meu histórico de amizades é uma catástrofe. Vou hoje contar a história mais patética de todas: 

Perdi o amigo mas não perdi a piada...

Antes mesmo de conhecer a Margô, no final dos anos 80, eu estava na faculdade de Direito e dava aulas de inglês em uma excelente escola de idiomas em São Paulo. Lá conheci o "Zé", vamos chamá-lo assim,  que também era professor de inglês. Nessa época eu começava a apresentar sintomas do transtorno do pânico e foi ele quem me disse pela primeira vez do que se tratava todo aquele mal-estar que eu sentia, pois ele também tinha esse transtorno. Pela primeira vez, fiquei aliviada por saber que mais alguém sentia aquilo e que eu não era louca!

Durante quase 20 anos fomos amigos/irmãos, fui madrinha de casamento dele, saíamos juntos todas as semanas para almoçar, eu era capaz de desmarcar qualquer compromisso para estar com ele. 
Um belo dia, fui procurá-lo na minha lista de amigos do Orkut e percebi que eu havia sido deletada. Achei que era algum equívoco, mandei uma mensagem para ele e não obtive resposta. Daí seguiram-se telefonemas, e-mails, e nada. Nenhuma palavra, nenhuma resposta. Eu fiquei perdida e extremamente magoada por não ter a menor idéia do que ocorrera. O que eu poderia ter feito de tão grave assim??
Anos depois, um amigo em comum precisou da minha ajuda como advogada e foi ao meu escritório. Só então esse amigo me contou o motivo pelo qual o "ZÉ" havia colocado fim em uma amizade de décadas. 

Pasmem: o motivo foi uma PIADA do Lula, que mandei para ele e para todos os amigos que eu tinha cadastrado no meu e-mail, como naquela época era hábito fazermos (hoje existe o Facebook com a mesma proposta). E o pior é que eu nem sei sobre o que era a tal da piada, foi alguma dessas que recebi e repassei. 

Eu me senti a pessoa mais insignificante do mundo, só de pensar que o meu melhor amigo pudesse ser capaz de achar uma piada do Lula mais importante do que a nossa amizade.  Sofri muito, demorei meses com aquele aperto no peito, e mesmo hoje, passados mais de 6 anos, ainda lamento ter dedicado tanta afeição a uma pessoa como ele. 

Há outras histórias não tão burlescas assim, de amigos e amigas de quem eu gostava profundamente e que foram vis e traiçoeiros. Pessoas cuja amizade era apenas uma fachada para interesses financeiros ou profissionais. 
Outras pessoas simplesmente desaparecem da minha vida, de outras sou eu quem fujo, quando percebo que estão imbuídas da síndrome do Narciso (parece que eu exerço uma forte atração junto a essa classe de pessoas).

A última decepção é bem recente, foi um misto de traição do meu melhor amigo e golpe financeiro. Essa deveria ir para os anais da História - com "H" maiúsculo. Eu, literalmente, fui vendida.  

Por essas e outras, tem dias que eu sinto um vazio e uma tristeza enormes. Hoje, especialmente, porque uma situação de emergência forçou-me a ter contato com esse "Zé". Isso me fez relembrar a mágoa e tomar consciência da falta que faz ter amigos com quem eu possa contar a qualquer hora. E com quem eu possa conviver mais proximamente. Eu tenho, claro, amigos antigos, da época do colégio, da faculdade. Há os amigos com quem eu saio, converso, mas não é ainda aquela amizade fidagal. No dia-a-dia, na hora que a porca torce o rabo, eu só tenho a minha fiel escudeira Clê, que é minha "mãinha", filha, irmã, tudo junto e misturado.


Por mais paradoxal que possa ser, o contato com tantos amigos no Facebook faz com que eu sinta ainda mais a falta deles. Esses amigos estão sempre tão perto... e tão longe.



Em tempo: nem todas as previsões da Margô foram ruins -  no que diz respeito a muitos amores e sucesso profissional  não tenho do que reclamar -  quase todas se cumpriram, exceto a de que eu teriam muitos filhos...só se ela estivesse referindo-se aos meus cachorros....hahaha

domingo, 5 de fevereiro de 2012

A FALSA CRENÇA

Eram 3 horas da madrugada, como sempre eu durmo tarde, isso não é novidade para mim. Olho pela janela do meu quarto e vejo uma linda noite, silenciosa, com uma bela lua crescente. Sou invadida por um sentimento gostoso - a noite tem esse poder sobre mim. Eu adoro as madrugadas, sinto-me livre, posso fazer o que quiser, assistir o programa de TV da minha escolha, o filme que eu desejar, ler  em silêncio. E escrevo, escrevo muito.

Tirei a roupa, coloquei um repertório especial de músicas no cd player, peguei uma toalha do armário, com cheirinho de amaciante. Antes de entrar no banho comecei a dançar, agarrada à toalha,  olhando a lua pela janela. Uma música da Norah Jones suave chegando aos meus ouvidos...

Nesse instante, pensei: o homem certo para mim saberia instintivamente que, neste momento, a coisa certa a fazer, seria dançar comigo. 

Não acredito em principe encantado ou que minha felicidade dependa de alguém. Mas acredito que existem pessoas especiais, que possuem  um "Je ne sais quoi", um algo mais. 
É um imenso prazer viver com alguém que compartilha a sua sintonia e um tédio estar acompanhada da pessoa errada. Cansei de tentar mudar a mim mesma ou ao outro, para fazer encaixar o relacionamento. Cansei, também, de perder tempo com as pessoas erradas. 

Foi um longo caminho de aprendizagem, até conseguir encarar um relacionamento afetivo como opção. Quando não se consegue ser feliz sozinho(a), estar em uma relação passa a ser necessidade. Nesse caso, aceita-se qualquer coisa, qualquer pessoal, vale a regra do "antes mal acompanhado do que só". E viver sem opção é uma verdadeira prisão.

Toda mulher (com raras exceções) cresce com o discurso que fica incutido em sua cabeça:
- Vocês precisa de um homem para ser feliz. Falta alguma coisa em você. Sozinha, você jamais será completa, você é frágil, você nasceu para ser dependente.E um dia aparecerá o homem que irá resgatar você dessa vida "pela metade".

Esse pensamento vem de uma cultura milenar, em que se misturam crenças religiosas, poder político, questões sociológicas que colocavam as mulheres em posições de submissão e inferioridade. Ainda hoje existem países onde persistem nessa prática.
Imagine a dificuldade para se mudar uma crença tão arraigada no inconsciente coletivo. E, como toda crença, ela não tem fundamento lógico, não tem uma real razão de ser, senão para defender interesses e fantasias.

A humanidade necessita superar essas falsas premissas que limitam os seres humanos, para  que possa crescer e se desenvolver. E essas mudanças começam dentro de cada um de nós. Não se trata de feminismo, machismo, mas do respeito à dignidade humana, independentemente do gênero, da raça, do credo, da orientação sexual, ou de qualquer outro rótulo que possa existir.

Foram anos de terapia,  até que eu consegui superar o Transtorno do Pânico e consegui abrir mão da segurança e do conforto de ter sempre alguém ao meu lado. Jamais pensei que fosse conseguir. Hoje, eu não me sinto "incompleta" por ser mulher. Prefiro dançar sozinha na madrugada do que viver com a pessoa "errada", hoje eu faço a escolha.


Para vocês se inspirarem: a música que ouvi está aqui nesse video.