Aventure-se comigo...

Aventure-se comigo...

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Cadê a tal da felicidade?

A vida não está fácil pra ninguém, isso é fato. Foi-se o tempo em que os empregos sobravam e o dinheiro no final do mês, também... Dava até para planejar uma viagenzinha para Maceió no final do ano ou, mais modestamente, um final de semana em um hotel fazenda com o crush.

Agora nossos planos dependem da realização de sonhos: ver essa Lava Jato chegar ao fim e prender todos os corruptos, zerar nosso sistema político e começar do zero. Aí, quem sabe dá certo.

Enquanto isso, as contas vão se acumulando e o dinheiro está cada vez mais curto.Parece cobertor de pobre, quando você cobre um lado descobre o outro.

A isso tudo, some-se a as mazelas do tempo. Afinal, não estamos ficando mais jovens, a cada dia uma nova ruga se forma em algum lugar do seu rosto e, grama a grama, você vai ganhando quilos a mais na outrora esbelta silhueta que você um dia ostentou pelas praias e parques.

Alguns conseguem manter-se esbeltos às custas de muito sacrifício: horas em academia, privando-se de comidas deliciosas e comendo porções minúsculas de proteína, já que carboidratos são o demônio na balança.

Infelizmente, eu faço parte do grupo de pessoas que não é dotado de perseverança heróica para manter-se nos exercícios físicos e dietas de fome.  E some-se a isso a necessidade de uma ajuda química de um antidepressivo pra não mergulhar nas profundezas do pântano da depressão.

Vou contar-lhes um segredo. Eu já fui magra, magérrima. Do tipo que mamãe fazia gemada para eu tomar no café da manhã antes de eu ir trabalhar. Duas coisas comprovadamente me engordaram: casar e tomar antidepressivo.

Dos casamentos (foram dois) eu já me livrei, mas do remedinho está difícil. E se por um lado ele ajudou muito a superar meu transtorno de pânico que me impediu de viajar de avião por mais de 20 anos, entre várias outras dificuldades que eu enfrentava antes do tratamento, por outro, o preço a pagar são os quilos na balança (e o alto preço no caixa da farmácia).

Apesar de estar em paz comigo mesma, sem essas neuras de seguir um  "padrão" do que se supõe que seja necessário para ser feliz, ainda assim, sinto uma profunda falta de sentido na vida em geral.Quisera eu todos os problemas do mundo fossem resumidos a ser magra na balança e gorda na conta bancária.

Acho que estou passando pelo turbilhão da crise da meia-idade, vendo meus pais envelhecerem e adoecerem, as coisas que me davam prazer hoje provocam um leve esboço de sorriso. E aí me pergunto... qual o sentido da vida?

A felicidade não se encontra em uma pílula, ela apenas te ajuda a levantar da cama e ir trabalhar, ser funcional. Será a felicidade é um estado mental que algumas pessoas possuem e outras não? Quando penso: ahh mas se eu viajar mais serei feliz... começo a viajar e descubro que não é isso!
E assim com novos amores, novos trabalhos, novas casas, troca de carro, troca de marido, troca de cidade, de país... Vai morar na praia, muda pra montanha, ganha na loteria... e depois de um tempo tudo volta ao estado anterior de "e agora o que é que eu faço para ser feliz"?






domingo, 11 de maio de 2014

Meus medos de fantasma e outras coisinhas mais...

Não sei você, leitor, mas eu tenho uma mente hiperativa, e quando ela resolve se exceder, tudo o que eu queria era ter um botão liga/desliga.

Começo com uma singelaela lembrança do Topo Gigio, aquele ratinho que fez sucesso nos anos 70, minha cabeça alucinada já começa a fazer conexões absurdas, começo a lembrar do meu jardim da infância. Tinha um menino enorme na minha classe, tipo... 4 vezes o meu tamanho, e eu achava ridículo aquele meninão ficar chorando todos os dias quando a mãe ia embora.
Castigo divino, dois anos depois eu passei a sofrer dessa "síndrome da alienação parental". Por semanas minha mãe precisou ficar tricotando no pátio do colégio enquanto eu tinha aula, pois eu entrava em pânico quando ela ia embora. MAs eu não dava chilique, pelo menos isso!
Nessas elocubrações sobre Topo Gigio e menino chorão, viajei até minhas outras pirações de medo.

Eu tinha P-A-V-O-R de espírito.Minha família tinha casa na Praia Grande e, aos sábados à noite, quase sempre tinham adeptos da umbanda fazendo rituais na praia. Acendiam velas, batucavam tambores e rodavam, rodavam, com aquelas roupas brancas,  as pessoas entravam em transe e eu morria de medo de um daqueles espíritos baixar em mim!! Como eu sofria!! Meu pai achava a maior graça e ficava imitando o  "saravá". Imagina, depois eu tinha de dormir sozinha, o medão que eu sentia era f...
Quero deixar claro que tenho o maior respeito por todas as religiões, era só medo infantil.

Outro medo avassalador que eu tinha era ficar presa em algum lugar. A clássica claustrofobia. Isso me levou a algumas situações patéticas, especialmente quando precisava usar banheiros públicos e tinha medo de trancar a porta (e ficar presa). Aprendi técnicas de segurar a porta com a cabeça, já que se esticasse a mão acabava fazendo xixi na roupa. Banheiro de avião, afff... sem comentários. Só ia quando era impossível evitar e mesmo assim ia  acompanhada, pois além de ficar presa tinha medo de ser sugada pela pressão daquele vaso sanitário do capeta. Convenhamos, banheiro de avião é a maior expressão do sadismo das companhias aéreas. Tanto progresso e melhorias, mas o banheiro continua um ho-rror.


Cadê a saída de emergência?????

Quando eu era criança, eu também tinha mania de saída de emergência; em ônibus, principalmente. Nos ônibus antigos não havia uma janela/porta de emergência em todos os veículos. Quando entrava em algum que não tinha, fazia minha mãe descer e pegar outro. Ela não tinha muita paciência com essas minhas manias, minha família nunca foi de paparicar, era tudo meio aos trancos e barrancos. Mas, do jeito dela, ela me ajudou a superar alguns medos.



Por exemplo: eu tinha medo de parar de respirar e morrer enquanto dormia. Minha mãe teve uma brilhante idéia para me fazer perder o medo: ela me fez deitar nacama, fechar os olhos e apertou meu nariz. Na mesma hora eu abri a boca assustada., pensando que ela ia me matar!  Ela disse "viu só? se o seu nariz entupir sua boca vai abrir na hora pra você respirar!" Hoje eu acho a maior graça dessas pitadas de psicologia da minha mãe.


Com esse jeito meio tosco de me fazer perder meus medos, ela também me ensinou coisas importantes. A nunca permitir que um homem encoste a mão em mim, ou me tratar com desprezo. Aprendi a me valorizar, a jamais permitir que me alguém me humilhasse. No alto dos meus 1,50m de altura,  eu sempre fui uma leoa na hora de brigar por mim e pela minha família.

É dia das mães, ao invés do lugar comum de pensar em todas as qualidades da minha mãe, hoje estou lembrando do jeito estabanado dela lidar com a afetividade, uma dificuldade que ela sempre teve. Ainda que tenha havido muitos erros, os acertos foram maiores. Aprendi mais com ela do que com qualquer outra pessoa na minha vida. E não é qualquer um que teria paciência de ficar meses tricotando num pátio de escola pública, me mostrando desde cedo que os medos devem ser superados, nunca evitados.

A minha mãe e a todas as mães, um lindo dia... Que todo o amor do universo envolva o caração de cada uma de vocês, bravas guerreiras.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

SADOMASOQUISMO?




Depois do sucesso do lixo  livro "50 Tons de Cinza", sugiro que as mulheres leiam algo muito mais instrutivo:

Diz a resenha:

" Alguma vez você disse "sim" quando queria dizer não? Já quis soltar os cachorros em alguém, mas acabou engolindo sapo? Já pediu desculpas quando não tinha culpa nenhuma? Bom, se você respondeu "sim" às questões, deve estar cansada de ser uma mulher boazinha. Aquela criatura agradável, quietinha e que "conhece o seu devido lugar". Segue então um conselho: entre em contato com a "vaca" que há em você. No livro Descubra a sua vaca interior, todas as mulheres vão descobrir, de forma bem-humorada como afrontar o controle macho do mundo. Um verdadeiro manual de guerrilha, da mulher poderosa."


Existem enigmas da humanidade que desafiam a compreensão de qualquer ser pensante. Um desses enigmas é o sucesso desse livro pseudo- erótico babaca, dos tais dos tons de cinza. Antes quero esclarecer: nada contra a prática de sadomasoquismo, ou qualquer outra prática sexual, fetiche e afins. Acho até interessante apimentar a relação com algumas coisinhas diferentes. Mas pelamorrrdedeusss, quem conseguiu ler esse livro e achar excitante merece um prêmio. A protagonista é uma mulher  americana, universitária, VIRGEM !! Só por aí, já se torna inverossímil. 

Ela se apaixona por um homem maravilhosamente atraente, podre de rico, mas ele só consegue se relacionar com mulheres dentro dos critérios da dominação (ele dominador, ela escrava). Vamos combinar: o cara é rico e lindo, dá presentes caríssimos, carros, roupas, viagens de helicóptero, quem não ia topar levar umas chicotadas de um sujeito desses? Até eu, que sou absolutamente indomável. Mas, em um caso desse, eu negocio, né? Ok, 10 chicotadas e você me dá um Porsche. Vermelho!

O que estraga a leitura é a redação infantil e patética da escritora, que não teve coragem suficiente para retratar uma mulher DE VERDADE em uma relação fora dos padrões da chamada "normalidade".

Não percam tempo nem dinheiro. Vale mais assumir a vaca que existe em você, submissão entre quatro paredes pode ser bom, mas na vida real é um tiro no pé!


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

DEPOIS DA VIDA


Eu estava lendo um livro agora há pouco, em que havia uma frase dizendo algo a respeito de "sermos os responsáveis pelo filme de nossa vida, somos os atores,diretores, e roteiristas". Imediatamente, lembrei-me deste filme fantástico, pouco conhecido no Brasil (leia a resenha ao final).

Cena do filme "Depois da vida"

Basicamente, a história relata o período logo após a morte das pessoas, elas são encaminhadas a um local onde permanecem por um período de tempo, apenas o necessário para que escolham um momento importante de suas vidas e recriem esse momento em um pequeno filme. Somente após terem feito isso, as pessoas seguem suas jornadas para o além, um lugar supostamente bom, algo assim...tipo o paraíso. 

No entanto, alguns personagens não conseguem cumprir essa simples tarefa, pois não conseguem escolher um único momento relevante em suas vidas. Parece tolo, mas o enredo é muito profundo e belo, e nos faz pensar nas coisas que damos importância. Será que os momentos que tanto cultivamos em nossa breve existência,  seriam dignos de serem escolhidos para representar toda a nossa vida? 

Se você tivesse de escolher um único momento, cuja lembrança ficaria registrada por toda a eternidade como sendo a síntese da sua vida...qual seria?

Uma das personagens escolhe um momento tão singelo, silencioso, que me fez pensar: talvez as lembranças   sem glamour, sem expectativa de que aquele momento seja importante,  estas lembranças anônimas, exclusivamente nossas, são as que de fato podem retratar a nossa unicidade. 

As experiências do nascimento de um filho, do dia do casamento, de conquistas profissionais, são basicamente universais. Mas aquele instante em que você olhou uma folha caindo da árvore defronte a sua casa e sentiu o cheiro de outono no ar, e percebeu que você é parte de um todo... isso é um momento único.

Pergunte-se agora: 
QUAL A SUA LEMBRANÇA, ÚNICA,  QUE MEREÇA SER REGISTRADA PARA A ETERNIDADE? 

Assistam o filme, é imperdível!

 "Aclamado por crítica e público em todo o mundo, Depois da Vida é um filme original e tocante sobre a vida após a morte. A direção é do renomado cineasta japonês Kirokazu Kore-eda.  

Num local, entre o Céu e a Terra, pessoas que acabaram de morrer são apresentadas aos seus guias espirituais. Durante os três dias seguintes, eles auxiliam os mortos a vasculhar suas memórias em busca de um momento inesquecível de suas vidas. O momento escolhido será recriado num filme, que será uma espécie de lembrança a ser levada para o paraíso."
(Resenha do Filme pela 2001 Video)


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

EXPECTATIVAS



Não sei quem é o autor do texto, mas ele diz muito. Eu não consigo escrever, pensar, falar, sem a existência de reticências. Pois tudo na vida é fluido e incerto... 



Ainda não consigo escrever mais do que isso. Uma nova fase se inicia e ainda estou nas reticências. Volto para contar, em breve!

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Uma lição que ainda não aprendi...


Hoje estou triste. Triste porque algumas situações tomaram um rumo indesejável, ou melhor, não tomaram o rumo que eu desejava. Aí fiquei pensando em como teria sido bom se minhas expectativas tivessem se tornado reais, nem seria nada de mais, bastava uma forcinha do destino e eu estaria muito mais feliz agora.

No entanto, acho até que sou injusta por reclamar do que não deu certo, já que tenho vivido momentos bens legais, recentemente. Minha visão de felicidade parece permanecer arraigada à imagem do passado, da família feliz, do comercial de margarina. Mas,vamos combinar, isso "non ecxiste", ou está restrito a pouquíssimos felizardos.

Eu sou uma curiosa da natureza humana, adoro conhecer pessoas, conheço muitas, o tempo todo, seja pela internet, por intermédio de amigos em comum, no trabalho... estou falando de todo tipo de pessoa: homem, mulher, idosos, jovens, ricos, pobres... E uma característica eu percebo entre todos: como as pessoas são tão sozinhas, as famílias quase sempre destruídas. São tantos dramas! Eu tenho a minha cota, e observo as histórias cabeludas que me contam... é assustador.

Um exemplo disso é um jovem amigo meu. Ele tem apenas 25 anos, é um rapaz doce e educado, sorridente, e de uma beleza muito acima da média. Olhando para ele, ninguém imagina as inseguranças e angústias que passam por aquela cabecinha. Aparentemente, ele tem tudo: um emprego, faz faculdade, tem uma namorada oficial e várias "por fora", tem carro, tem família,  é dono de uma beleza ímpar. E ele é uma das pessoas mais carentes que eu conheço... 

Fico me perguntando: onde está o amor? Todos estamos doentes pela falta de amor! Não falo de paixão, nem de tesão...amor mesmo, puro, verdadeiro. Não existe mais?

Talvez estejamos fadados a nos curarmos da única maneira possível: aprendendo a suprir nossas carências com nosso amor por nós mesmos. Amor próprio, independência, autoestima, aprender a SE BANCAR. 
Esse será o desafio dessa geração. 

Transcrevo parte de um texto muito interessante da Martha Medeiros:

...
Os felizes ainda estão associados ao padrão "comercial de margarina", portanto, costumam ser idealizados - e desacreditados. É como se fossem marcianos, só que não são verdes. Por isso, damos mais crédito aos angustiados, aos irônicos, aos pessimistas. Por não aparentarem possuir vínculo com essa tal felicidade, dão a entender que têm uma vida muito mais profunda. 

Você é feliz? Não espalhe, já que tanta gente se sente agredida com isso. Mas também não se culpe, porque felicidade é coisa bem diferente do que ser linda, rica, simpática e aquela coisa toda. Felicidade, se eu não estiver muito enganada, é ter noção da precariedade da vida, é estar consciente de que nada é fácil, é tirar algum proveito do sofrimento, é não se exigir de forma desumana e, apesar (ou por causa) disso tudo, conseguir ter um prazer quase indecente em estar vivo.


O psicanalista Contardo Calligaris certa vez disse uma frase que sublinhei: "Ser feliz não é tão importante, mais vale ter uma vida interessante". Creio que ele estava rejeitando justamente esta busca pelo kit felicidade, composto de meia dúzia de realizações convencionais. Ter uma vida interessante é outra coisa: é cair e levantar, se movimentar, relacionar-se com as pessoas, não ter medo de mudanças, encarar o erro como um caminho para encontrar novas soluções, ter a cara-de-pau de se testar em outros papéis - e humildade para abandoná-los se não der certo. Uma vida interessante é outro tipo de vida feliz: a que passou ao largo dos contos-de-fada. É o que faz você ter uma biografia com mais de 10 páginas.
...






quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Comichão...

Tem dia que dá uma agonia, uma vontade de sei lá o quê... ou sei lá quem. Pior é quando dá vontade de quem a gente sabe...

Aí, tentamos nos distrair na internet. Ou com a TV. Mas tudo parece monótono, a agonia persiste e nos damos conta de como é ruim não termos o controle da vida - ou pelo menos dos nossos desejos e vontades.

Imaginem só que maravilha, se tivessemos um controle remoto com  a opção de selecionar a pessoa e o lugar onde gostaríamos de estar naquele instante. Se fosse possível realizarmos nossos desejos nesses momentos de "comichão", o mundo seria perfeito! Vale a ressalva de que seria indispensável um botão de "delete", caso a opção fosse equivocada e o(a) escolhido(a) fosse uma mala sem alça.  

Talvez, em um futuro distante, isso seja possível através da realidade virtual, como no filme Vanilla Sky, muito embora não seria tão interessante, já que realizaríamos nossos desejos através de fantasias criadas pelo nosso cérebro.

Voltando a minha realidade de hoje, já ouvi meus CDs favoritos, assisti o último filme da Trilogia Millenium que faltava, comi chocolate, fiz tudo que gosto de fazer quando estou em casa, e ainda assim permanece esse anseio. Nesses momentos, acontecem fatos para piorar ainda mais o estado de ânimo desarvorado em que me encontro: uma amiga perversa e sádica me apresenta um deus grego no MSN. Como diria minha mãe, só serve pra olhar com os olhos e lamber com a testa.
Recuso-me a conversar pela webcam, muita tortura para uma noite. Odeio webcam... sinto-me como aqueles cães que ficam namorando a vitrine da máquina de assar frangos, com aqueles galetos girando, e ficam só na vontade. 

Ao que tudo indica, todos nós temos esses momentos de vazio, quando nada nem ninguém é capaz de preencher. Talvez por isso a indústria de bebidas jamais irá a falência, a alma pode estar vazia, mas o copo é fácil de encher. Pena que eu não bebo... 

domingo, 11 de novembro de 2012

SAUDADES DE COISAS DO PASSADO...


Hoje eu recebi uma mensagem de um amigo, dizendo que domingo cedo iria à feira e depois visitaria sua mãe. Parece algo banal, mas essa informação fez tocar um sino em minha mente, despertou um passado já meio que esquecido, da época em que eu morava com meus pais em uma casa, dessas com quintal, jardim, da época em que se conhecia os vizinhos pelo nome, as crianças brincavam na rua e se sujavam de terra. Imagine se isso é possível hoje, em  São Paulo.  

Voltando à feira, lembrei-me como era gostoso ir com minha mãe e lá comer um pastel com caldo de cana bem gelado. Hummmm, cheguei a sentir o gosto ao lembrar da cena. 
E tudo isso veio acompanhado de um forte sentimento de identidade, eu vivi isso! Eu vivi esse tempo! Onde estão essas sensações escondidas hoje em dia? 

Traçando um paralelo, a vida antes era cheia de gente, pessoas ocupavam nossos dias, nossos pensamentos, havia contato, proximidade...

Nos dias atuais, por mais que estejamos convivendo com pessoas o tempo todo, tudo é mais distante. E parece que até é desejável que seja assim, de alguma maneira nós mesmos colocamos barreiras para manter uma distância segura dos outros co-habitantes do nosso cotidiano.

Baile na garagem, com direito a vassoura.
Os vizinhos, antigamente, eram  uma instituição à parte. As famílias não mudavam com tanta frequência, era possível criar laços com a vizinhança. Os filhos cresciam juntos, havia os "namoricos", os bailinhos na garagem... Quem nunca se apaixonou por um(a) vizinho(a) não sabe o que perdeu! A expectativa de encontrar o amado/a na missa, na padaria, o coração quase a sair pela boca.

Hoje, o máximo de emoção que um adolescente pode sentir é receber uma mensagem pelo celular da sua paquera.  Acho que nem existe mais paquera, nem dá tempo, tamanha rotatividade de contatos...

Deveria haver mais tempo... tempo para conhecer, para sentir o friozinho na barriga, para esperar o primeiro beijo, sentir aquele frisson ao perceber o rosto da pessoa se aproximando e saber que aquela era a hora. Tempo para esperar o telefone tocar e ouvir a voz da pessoa, sem a preocupação de que essa mesma pessoa pode amanhã já nem ligar, pois a fila anda rápido todos têm pressa, são intolerantes com qualquer diferença ou incompatibilidade, não INVESTEM TEMPO nas relações. 

Talvez eu esteja saudosista . Ou talvez seja o caso de repensar as relações nesses tempos de internet. A verdade é que ninguém é completamente feliz sozinho. Ainda que a felicidade dependa de cada um, nada melhor do que um cobertor de orelha para os dias de frio... E não há internet capaz de suprir isso.







sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Idealizar ou não, eis a questão...

Recentemente encontrei um amigo que me contou que está apaixonado. Ele sofre, pois sua amada mora em outro país e eles tiveram pouquíssimo tempo para curtir essa paixão - e muito tempo para idealizar o que seria a vida deles se pudessem viver juntos.

O melhor tempero para uma paixão é, sem dúvida,  o fator "dificuldade". O empecilho pode apresentar-se com diversas roupagens, como a distância, o proibido (um deles pode ser comprometido),  a falta de tempo, a diferença de idade, de classe social, enfim... inúmeras dificuldades que só fazem com que o sentimento fique ainda mais intenso.

Desde Romeu e Julieta, sabemos que "amores impossíveis" são marcantes. No fundo, o ser humano gosta mesmo é de uma boa tragédia...
Por qual motivo não nos apaixonamos pelo cara da esquina, pela mulher que trabalha na sala ao lado? Ahhh, obviamente por ser muito fácil e acessível. 

Há, também, outro aditivo da paixão: a idealização. Em tempos de internet, então, é mamão com açúcar! Nada mais d-e-l-i-c-i-o-s-o do que conhecer alguém pela internet e imaginar que aquela pessoa é a enviada dos céus. A alma gêmea. O pouco que o outro nos fala pela tela do computador já dá margem ao nosso criativo inconsciente para criar imagens e idéias a respeito dessa pessoa, que sequer ainda olhamos nos olhos.

Falasse alguém, há 10 anos atrás, que em um futuro próximo as pessoas se conheceriam por uma tela de computador, e se apaixonariam, algumas até casariam, após um contato meramente virtual, seria taxado de maluco. Isso me faz lembrar das histórias dos namoros por carta, que minha avó costumava contar... coisas do século passado...

Os amores virtuais levam vantagem pela rapidez dos contatos. Não é necessário aguardar semanas por notícias, rezando para o carteiro aparecer. Agora, o barulhinho do computador ou do celular, acusando nova mensagem, faz o papel do carteiro quando tocava a campainha.

Pois bem, eu poderia ser cética e dizer que amores alimentados por dificuldades ou idealizações estão fadados ao fracasso, mas a vida sempre nos surpreende, não é mesmo? 
A vida seria enfadonha se não houvesse a expectativa de que nossos sonhos pudessem se realizar. 

Por isso mesmo, aconselho meu amigo a não fugir, não racionalizar, e viver a paixão.

Já dizia o poeta..."as coisas tangíveis tornam-se insensíveis à palma da mão".

Sonhemos, então, com amores idealizados. Depois de passada a fase da loucura, que a paixão carrega em si, é possível termos uma ressaca. E daí? O importante é que terá valido à pena. Eu cultivo as paixões que vivi como verdadeiros tesouros. Foram elas que me tornaram quem eu sou. 


terça-feira, 9 de outubro de 2012

ESCOLHAS ERRADAS

Quem ama o feio, bonito lhe parece... será?

É uma história verdadeira, uma conhecida minha está sofrendo por amor. Ela é jovem, bonita, talentosa, meiga, mas seu QI emocional é zero. Estranhamente ela só se envolve com homens desinteressantes, problemáticos e pobres. Não que pobreza seja defeito, mas é complicado você ter de bancar um homem que mal ganha para sua própria subsistência. Seu primeiro relacionamento sério foi com um homem bem m
ais velho e muito feio. Ela tinha 19 anos e ele 65. 
Qualquer pessoa logo pensaria em golpe do baú. De fato, mas a vítima foi a pobre moça, cujos parcos recursos financeiros advindos de sua atividade como esteticista foram surrupiados pelo idoso espertalhão. 
Refeita do golpe, ela conheceu um outro rapaz, na escola onde ambos faziam supletivo. Logo a família ficou preocupada: o esquelético rapaz era separado, tinha 2 filhos a quem pagava pensão, estava desempregado e, juro por tudo que há de mais sagrado, ele ainda era vesgo.
Dessa vez, ela quis fazer a coisa certa, exigiu casamento e assim foi feito. Ele conseguia fazer uns bicos para pagar a pensão alimentícia dos filhos, mas era dela o ônus de manter a casa. O aluguel começou a pesar, ele a convenceu de ir morar com os pais dele, num bairro tão longe que até o fuso horário de lá é diferente.
E quando você pensa que a história não pode piorar, aguenta firme que vem mais: ele virou evangélico. Mas não parou aí, em poucos meses já era pastor. Pensa em homem fanático religioso, agora multiplique por 10. 
O vesgo até que foi esperto, como pastor juntou um dinheirinho, operou "as vistas", comprou umas roupinhas melhores, até engordou! 
Nem vou contar o que aconteceu, é chover no molhado. 

Encontrei-a na casa da sua irmã, inconsolável, enquanto todos a sua volta diziam:
- Mas Ana, você é tão nova, bonita, loira e poderosa, independente financeiramente, como é que você foi se envolver com um cara feio, pobre, sem eira nem beira, você pode arrumar alguém muito melhor!!
Aí ela respondeu algo que me fez pensar...
- Se até um homem que não presta me quer, imagine se vou arrumar outro melhor...

Aha! grande sacada!! Quem já não caiu nessa armadilha? Envolver-se com alguém que oferece menos risco, alguém sem tanto "valor", por achar que seria mais fácil, mais seguro.
O problema é que levar um pé na bunda de um partidão ainda vá lá... a concorrência é grande, o cara é muita areia pro caminhãozinho da mulher, etc...
um belíssimo gavião...
Mas e se o cara é um mané, ahhhhhhhh esse pé na bunda dói muitoooo mais. 
Dói no EGO. É o mesmo que o Brasil perder o final da copa para o time dos Emirados Árabes, saca? Perder pra Argentina, Itália, até pra uma França capenga... vá lá. 

A moral da história é que devemos mirar sempre para o alto. Pode cair um urubú, mas também pode cair um lindo gavião...