Aventure-se comigo...

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terça-feira, 29 de junho de 2010

O IMPONDERÁVEL

Este ano está sendo o ano das situações inesperadas e inusitadas. A começar pelo fato de eu, após tantos anos atuando como advogada, me ver na situação de dona de loja de materiais de construção! Justo eu, que sempre preguei aos quatro cantos que jamais trabalharia no comércio, meu talento sempre foi o uso da palavra -escrita ou verbalizada, dando aula ou redigindo petições... essa é minha praia.

Pois minha praia, desta vez, é formada de areia- mas aquela que se usa em construção, vendida em sacos de 20 kg pelo preço de R$ 2,40. Essa mudança foi necessária, após minha separação, com a descoberta que meu ex-marido estava me roubando na cara dura, descoberta essa que devo à astúcia de minha fiel escudeira, Clemilda, que à época trabalhava no caixa da loja. 

Brigas à parte - foi uma fase muito difícil quando descobri que meu "ex" não era o homem de caráter que eu sempre imaginei, começar uma atividade da qual eu pouco sabia foi um desafio. E digo que só foi possível vence-lo graças à ajuda de dois funcionários que vestiram a minha camisa e arregaçaram as mangas para me ajudar: minha fiel escudeira e o João, este último foi contratado por indicação de um amigo meu de infância.
Bem, logo no segundo mês da minha gestão na loja, já ocorreu um fato prá lá de inusitado - o cunhado de Clemilda cai morto no banheiro da casa dela, numa manhã de fevereiro, acometido por pneumonia. Depois de ser internado em um hospital público, ele havia sido liberado sem o diagnóstico correto da doença. Lá se vai uma semana sem a minha indispensável ajudante. 

No mês seguinte, Clemilda descobre-se grávida. Festa, alegria e comemoração... o marido dela, que acabara de perder o irmão, ficou exultante com a notícia, seria o primeiro filho dele - ela teve uma filha de outro relacionamento. 
Um mês depois, Clemilda perde o bebê. Minha preocupação dividia-se entre o bem-estar de minha funcionária e a preocupação com a loja, eu ainda não havia aprendido todo o necessário para poder administra-la sem a ajuda da Clê. E ela, como uma leoa, superou esse problema e voltou a trabalhar em poucos dias.

Parece piada, mas não é. Duas semanas depois, o marido dela sofre um enfarte. Por pouco não vai a óbito. E o mesmo hospital que antes não tratou adequadamente o cunhado da Clê, desta vez salva a vida de seu marido... o imponderável.

Foram dois meses de internação, Clê se dividindo entre hospital e loja, tentando administrar tudo sem fraquejar, uma mulher de fibra essa minha Clemilda... 
O marido sobreviveu, operado e safenado. 

No final de maio, reuni meus fincionários e disse em tom de brincadeira:
- Agora, por favor, chega de imprevistos. Vocês estão proibidos de ficar doentes, tratem de se cuidar porque eu não aguento mais um sufoco desses.
Mas o João, teimoso como só, baino retado, cismou de me desobedecer. Foi atropelado na semana passada, na mais paulista das avenidas. Teve as duas pernas fraturadas, traumatismo craniano - vai ficar mais doido do que já é, esse cabra...
Pois é, o imponderável... 
Quem iria imaginar que uma coisas dessas pudesse acontecer? Logo com o João, sempre animado, brincalhão, um verdadeiro palhaço, impossível não rir com ele.

A loja ficou mais triste, ainda mais sabendo que ele ficará afastado por muitos meses. E eu estou aprendendo que, por mais que você tenha pessoas para te ajudar, no fim, só podemos contar conosco, pois existe sempre à espreita, o tal do imponderável, do imprevisto, que quando aparece te deixa nú, com as únicas armas que possuímos: nossa capacidade de superação.

                                                    Da esquerda para direita: João, Clemilda, Rodrigo e Mané... equipe da loja.

 

domingo, 27 de junho de 2010

Maradona e Mafalda

Ri muito quando li no blog de uma jornalista da Folha de São Paulo sobre a semelhança entre o Maradona e a Mafalda, um personagem de história em quadrinhos...
Veja você mesmo, impressionante...rsrsrs

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A CRIANÇA MIMADA QUE VIVE DENTRO DE MIM

Terça-feira. Primeiro jogo do Brasil na Copa.  Confesso que esta Copa de 2010 não me empolga.  E eu, que sempre curti horrores, desde criança. Assistia aos jogos dos países mais "perigosos" - para torcer contra! As últimas três Copas eu assisti com  meu ex-marido. A de 1998 foi divertidíssima,  um dos jogos caiu bem no dia do aniversário dele. A de 2002 foi a melhor, na época eu coordenava um curso para advogados, enfeitamos a sala de aula com bandeirinhas, a garrafa de café foi "vestida" com um aventalzinho de papel no formato de bandeira do  Brasil,  tinha quentão e vinho quente para comemorar cada vitória.
De repente, eis que me vi sozinha nesta terça-feira. Dispensei os funcionários às 13:30h, o jogo começava às 15:30h, e quem seria o doido que iria querer comprar material de construção depois da uma da tarde, em dia de jogo do Brasil?
Vim para casa, ficar com meus cachorros, que se apavoram com o barulho dos fogos e dessas maleditas cornetas. De repente... bateu aquelaaaaaaaaaaaaa nostalgia.
Você já sentiu saudade de uma situação e ao mesmo tempo não gostaria de vivê-la novamente? Que sentimento confuso, essa nostalgia. É diferente da saudade, por que saudades se mata, reencontrando o objeto ou a pessoa que a causa. 
Já a nostalgia, não. Ela é uma falta de algo que foi sem ter sido. Isso me incomodou demais, afinal, com toda a sinceridade, a última pessoa com quem eu gostaria de estar atualmente é com meu ex-marido - então, por que cargas d'água senti falta dele no jogo?

A terapia entra em campo. Hoje já cheguei na sessão com os olhos meio aguados e a boca querendo fazer beicinho de choro. Que saco, isso! Desabafei, falei tudo e ouvi.
E descobri que alguns sentimentos sem noção e sem sentido, são gerados pela criança desprotegida que vive dentro de mim. Mas que criança chata da porra!
Sim, essa criança teima em querer que o mundo seja cor-de-rosa, teima em acreditar que, no fundo, todos são bons. Não existe maldade... tal como nas novelas, no final, o vilão se regenera, acaba tudo em pizza e em casamento - já repararam que não teve uma novela até hoje que, nos últimos capítulos, não tenha exibido uma cena de casamento?
Minha criança é mimada, é teimosa, ela quer por que quer que seus sonhos dêem certo! E quando não dão, ela esperneia. 
O maior defeito da minha criança é insistir em não acreditar que o mal existe. Por que, se ela acreditar que existe, ela vai ter de lidar com isso e se defender. 
E esse tem sido meu desafio: lidar com o mal que existe nas pessoas que eu amo e que amei.  Proteger-se dos inimigos é fácil, difícil é lidar com o pai, com o irmão, com o marido que me puxa o tapete, sem que eu tenha tempo de me defender. 

Agora que entendo mais essa criança, talvez eu consiga fazê-la calar a boca e me deixar assistir os jogos, sozinha ou em boa companhia, pois quero acreditar que o melhor ainda está por vir...

Em tempo... essa Copa está chata mesmo, ou sou eu que estou ficando velha? 

domingo, 13 de junho de 2010

DEVERIA TER CURSO OBRIGATÓRIO PARA TER FILHOS

Fala sério... Até para tirar carteira de motorista, precisamos passar por uma via crucis. Tem o curso obrigatório (cada vez mais difícil de burlar, agora a presença do aluno é marcada com leitor de digital - mas sempre dá pra cortar o dedão e pagar para alguém marcar nossa presença). Depois tem o exame médico, o exame prático, o exame escrito e o período probatório (se você levar mais do que 3 multas, "tás ferrado", a habilitação é cassada).
Advogado, então... o coitado paga 5 anos de faculdade, estuda à noite, pois trabalha o dia todo pra pagar o tal do curso que vai torná-lo um "dotô" das leis. No final, descobre que a faculdade  onde estudou era tão ruim  que o indivíduo vai amargar mais uns 2 anos até passar no EXAME DA OAB.

E hoje, o desafio da moda: concurso público. Com o desemprego rondando, a falta de opção, o mercado de trabalho saturado, milhares de pessoas prestam anualmente concursos públicos para qualquer coisa que lhes dê estabilidade e uma remuneração satisfatória. E para conseguir, o camarada tem que estudar muitoooo.

Em quase todos os exemplos acima, temos o chamado exame psicotécnico, cuja função é descobrir se o candidato a dirigir um carro ou ocupar uma vaga em uma empresa  privada ou cargo público, é mentalmente são - se não babar verde, já está valendo. Até hoje não conheço viv'alma que tenha sido reprovada em teste psicotécnico. Mas enfim... eles existem. 

O que me deixa indignada é o fato de que, para colocar filho  no mundo, o cidadão (e cidadã) não passa por avaliação alguma! Tem cada maluco procriando por aí... só vai ferrar com a vida da coitada da criança que tiver o azar de nascer naquela família.
E nesse ponto, a natureza é democrática: tem doido de todas as idades e classes sociais. A única diferença é que os ricos não aparecem nos programas do Datena, Ratinho e assemelhados. Mas fazem tantas barbaridades quanto os pobres e favelados, que têm seus rostos estampados na primeira página do jornal.  O pobre nem sabe que tem lei para proteger sua  imagem. 

Mas, enfim, sou adepta de tornar obrigatória prova escrita, psicotécnica, avaliação psiquiátrica e tudo mais... para quem quer gerar um outro ser humano.É muita responsabilidade, mas a lei, os religiosos, os politicamente corretos, só se preocupam em defender as crianças geradas por verdadeiros psicopatas, depois que já foi feito o estrago.  

Ser mãe e ser pai é um talento. Alguns têm, outros não. A maior história da carochinha é essa de que toda mulher nasce com instinto materno, blábláblá...

O que tem de mãe que sutilmente inferniza a vida dos filhos, com chantagens emocionais - quem nunca passou por isso?
Pare e pense: quantas mães ou pais "mala sem alça" você conhece e consegue enumerar em um minuto? Vale contar a sogra, a mãe do amigo, a vizinha... E pais omissos? Separam, arrumam outra mulher e esquecem dos filhos.

Ser humano precisa de amor, não precisa de pensão. Passar fome não vai. Afinal, temos o Bolsa Família aí, uebaaa... só rindo para não chorar..
Ter filhos está virando um negócio lucrativo. Tem gente que vive de Bolsa família, bolsa escola, bolsa leite, ganha mais tendo filho do que trabalhando de diarista! Mas nem assim aprendem a cuidar dos filhos.

Sei não... acho que logo, logo, vão criar uma campanha de esterilização em massa, igual a dessas Ongs de proteção dos animais. Vai chegar uma ambulância com um médico e enfermeira em cada bairro das cidades, pagar cinquentinha para cada homem que topar fazer uma vasectomia. Sai mais barato que o bolsa família!... E garanto que vai fazer fila!