Aventure-se comigo...

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

A FALSA CRENÇA

Eram 3 horas da madrugada, como sempre eu durmo tarde, isso não é novidade para mim. Olho pela janela do meu quarto e vejo uma linda noite, silenciosa, com uma bela lua crescente. Sou invadida por um sentimento gostoso - a noite tem esse poder sobre mim. Eu adoro as madrugadas, sinto-me livre, posso fazer o que quiser, assistir o programa de TV da minha escolha, o filme que eu desejar, ler  em silêncio. E escrevo, escrevo muito.

Tirei a roupa, coloquei um repertório especial de músicas no cd player, peguei uma toalha do armário, com cheirinho de amaciante. Antes de entrar no banho comecei a dançar, agarrada à toalha,  olhando a lua pela janela. Uma música da Norah Jones suave chegando aos meus ouvidos...

Nesse instante, pensei: o homem certo para mim saberia instintivamente que, neste momento, a coisa certa a fazer, seria dançar comigo. 

Não acredito em principe encantado ou que minha felicidade dependa de alguém. Mas acredito que existem pessoas especiais, que possuem  um "Je ne sais quoi", um algo mais. 
É um imenso prazer viver com alguém que compartilha a sua sintonia e um tédio estar acompanhada da pessoa errada. Cansei de tentar mudar a mim mesma ou ao outro, para fazer encaixar o relacionamento. Cansei, também, de perder tempo com as pessoas erradas. 

Foi um longo caminho de aprendizagem, até conseguir encarar um relacionamento afetivo como opção. Quando não se consegue ser feliz sozinho(a), estar em uma relação passa a ser necessidade. Nesse caso, aceita-se qualquer coisa, qualquer pessoal, vale a regra do "antes mal acompanhado do que só". E viver sem opção é uma verdadeira prisão.

Toda mulher (com raras exceções) cresce com o discurso que fica incutido em sua cabeça:
- Vocês precisa de um homem para ser feliz. Falta alguma coisa em você. Sozinha, você jamais será completa, você é frágil, você nasceu para ser dependente.E um dia aparecerá o homem que irá resgatar você dessa vida "pela metade".

Esse pensamento vem de uma cultura milenar, em que se misturam crenças religiosas, poder político, questões sociológicas que colocavam as mulheres em posições de submissão e inferioridade. Ainda hoje existem países onde persistem nessa prática.
Imagine a dificuldade para se mudar uma crença tão arraigada no inconsciente coletivo. E, como toda crença, ela não tem fundamento lógico, não tem uma real razão de ser, senão para defender interesses e fantasias.

A humanidade necessita superar essas falsas premissas que limitam os seres humanos, para  que possa crescer e se desenvolver. E essas mudanças começam dentro de cada um de nós. Não se trata de feminismo, machismo, mas do respeito à dignidade humana, independentemente do gênero, da raça, do credo, da orientação sexual, ou de qualquer outro rótulo que possa existir.

Foram anos de terapia,  até que eu consegui superar o Transtorno do Pânico e consegui abrir mão da segurança e do conforto de ter sempre alguém ao meu lado. Jamais pensei que fosse conseguir. Hoje, eu não me sinto "incompleta" por ser mulher. Prefiro dançar sozinha na madrugada do que viver com a pessoa "errada", hoje eu faço a escolha.


Para vocês se inspirarem: a música que ouvi está aqui nesse video.

4 comentários:

Cris Medeiros disse...

Seu texto está perfeito, realmente pensamos bem parecido. Fato!

Levei muitos anos para encarar o relacionamento como opção (adorei esse termo que vc usou). Porque antes o relacionamento era uma meta, como é para grande maioria das mulheres, ensinadas desde pequenas a buscar a outra metade.

Hoje me sinto inteira! Se gostaria de ter um relacionamento? Claro, mas que viesse somar, nada de um traste para carregar pela vida.

Adorei o texto e vou compartilhar no face!

Beijocas

Patrícia Andréa disse...

Olá!
Achei seu blog pelo blog Confissões Ácidas.
Adorei seu blog! Vc escreve mto bem!

Se puder (e quiser), visita o meu tb:
http://blogdapattyandrea.blogspot.com

Bjus!

Jade disse...

Eu também penso como você e a Dama... sinto falta de alguém, do contato, do carinho, do sexo, enfim...
O ditado "antes só do que mal acompanhado" é muito velho, mas é uma longa caminhada, porque esse ditado não vale para mulheres né??
Se você me permite, vou fazer referência ao seu post no post que vou escrever hoje.
Beijos!!

Cristine disse...

Patrícia, fique à vontade! Estou feliz que tenha gostado!
Beijoss